domingo, 6 de setembro de 2009

Terror

Há coisas que acontecem na nossa vida que nos conseguem assustar de verdade, por outras palavras, conseguem por em perspectiva tudo o que fizemos até aquele momento. E ontem passei por uma dessas situações, uma experiência completamente nova para mim! Eu sempre me achei um "Lobo" entre as "Ovelhas", mas depois de ontem, não sei se serei um lobo disfarçado de ovelha, mas sim uma ovelha disfarçada de lobo.

Ontem senti me mal, quando cheguei a casa estava tudo bem, mas quando me fui deitar foi quando começou a complicação, o meu coração não parava de bater! Antes de chegar a casa tinha bebido o quê? 4 ou 5 cervejas? Mais não foram, mas fumei um charrinho depois, com o pessoal, fumei, dei três bafos foi o que foi, mas o que aconteceu quando cheguei a casa deixou-me desarmado, impotente! O meu coração batia como se não houvesse amanha, e eu não o conseguia parar, sentia-me fraco, a ponto de desmaiar, as coisas desapareciam da minha vista, e o pânico entrou em mim como uma onda, sem pedir licença, entro e pronto. Eu não conseguia respirar, e o meu coração estava cada vez mais acelerado, eu lutava por tudo contra aquilo mas não conseguia, eu estava completamente, definidamente mergulhado naquele pânico, a única coisa que consegui pensar foi que, tinha de ir para o hospital, eu não queria morrer, depressa, preciso ir para o hospital, eu não posso morrer ainda, eu não quero morrer já, ainda não é altura, eu preciso de à ver antes, Carla, eu preciso ver a Carla antes, tenho de chegar ao hospital e eles conseguem manter-me vivo o tempo suficiente para eu conseguir ver a Carla pela ultima vez. Gritei pela minha mãe, o meu pai estava a se levantar, a minha mãe ficou assustada por ver-me assim, eu só conseguia dizer: preciso de ir ao hospital, não me estou a sentir bem, não consigo respirar, o meu coração não para, eu preciso que o meu coração pare. Eu preciso que o meu coração pare! Eu não sei quanto tempo demorou que o meu pai se despachasse, ou quanto tempo demoramos até ao hospital, mas pareceu uma eternidade. Eu só queria chegar acordado, para que me mantivessem acordado o tempo que chegue para que pudesse ver a Carla. Eu via flashes, flashes de cenas com a Carla, coisas que tínhamos feito juntos, momentos felizes os dois, foi isso que me manteve acordado o caminho, eu tinha medo de fechar os olhos, se fechasse os olhos,talvez, talvez já não fosse capaz de os abrir, eu não podia fechar os olhos, ainda não a tinha visto, eu lutava com a vontade de deixar o mundo, a vontade de deixar tudo era tão forte, a luz era toda tão forte, eu queria gritar o nome dela, mas nada me saia da garganta, nem uma sílaba, eu só a queria ver mais uma vez. Eu pensava que estava a morrer, eu acreditava piamente que estava a morrer, e todo o meu corpo lutava contra isso, ou não lutava, não sei, eu só sei que precisava de à ver, mas da minha boca não saiam palavras, o meu peito parecia que ia explodir, o meu coração não parava, eu precisava que ele parasse. Quando chegamos as urgências, senti paz, agora posso descansar, eles não me vão deixar morrer antes de eu a ver, eles não podem, mas sentia as forças saírem do meu corpo, eu já não conseguia fazer nada, mas os flashes continuavam, eu via-nos em Peniche, na praia, no aniversário dela, no meu, e só via braço a minha volta, só branco, ouvi o medico falar comigo – o que sente? – eu disse que o meu coração não parava de bater, ouvi a minha mãe a chorar, acho que disse para ela não se preocupar que eu estava bem, ouvi o medico dizer-lhe que estava tudo bem, que tinha de sair, e ele perguntou o que eu tinha, eu disse que não conseguia respirar, que o meu coração não parava. Eu não me lembro da cara do medico, tinha sotaque espanhol, lembro-me de pouco ou muito tempo, não sei, depois estava deitado numa maca, parecia que estava num episódio do House, eu disse isso a uma enfermeira, - não tem muita piada quando somos nós a fazer parte do episódio pois não? – não tem mesmo, parecia irreal, não era eu que estava ali, eu só queria ver a Carla, -Onde é que ela está? cheguei a perguntar, agora lembro-me que não cheguei a pedir que a chamassem, ainda bem. E o meu coração não parava, não me lembro bem quando foi, mas parece-me que disse a algum medico ou não sei a quem que tinha fumado ganza, e tinha bebido, - misturas, têm de fazer sempre misturas, eu farto-me de os avisar – desta enfermeira eu lembro-me, foi ela que me segurou no saco quando precisei de vomitar.

Passei esta noite no hospital, levei uma injecção de penicilina, penso eu, porque doeu como à porra, e ainda dói, estive a soro. Bem, isto põem as coisas em perspectiva, eu tive um ataque de pânico, é o que eu acho, foi à conclusão que cheguei durante o tempo que estive naquela maca no hospital, e acho, sinceramente, que não deve estar longe da verdade, eu estava com medo, terror, eu sentia o sangue gelado a correr-me nas veias só de pensar que seria a ultima vez que a ia ver. Aquele pânico ainda está comigo, mesmo neste momento que estou a escrever, e em todos os momentos desde que sai do hospital, mas desta vez, eu simplesmente não vou permitir que ele saia, eu não posso deixar que ele sai outra vez.

Nunca antes, em toda a minha vida eu me tinha sentido tão frágil, tão fraco, e contactar que afinal, ao fim de contas, não sou nem metade, não sou o tipo duro que eu julgava ser, é de uma desmoralização brutal. Afinal eu não sou o lobo, sou só mais uma das ovelhas!

Durante tudo isto não deixei de pensar nela por um único segundo, se eu estivesse mesmo para morrer como achava que estava, se eu morresse porque tinha desistido, mas não morri, porque eu não queria desistir sem pelo menos vê-la outra vez.

1 comentários:

Anónimo disse...

ganda mota

Enviar um comentário

Digam Horrores, não nos poupem ao Drama que é a vossa Trágica opinião!