domingo, 25 de abril de 2010















Tinha decorado todas as palavras;
Ensaiado todos os gestos,
os olhares.
Mirei-te decidida,
de alto a baixo.
invoquei a coragem e disse:
“Vou-me embora!!!”

Não tinha previsto o teu silêncio
a total ausência de gestos
o olhar perdido.
Miraste-me aturdido, de alto a baixo
e baixinho disseste:
“Já não me amas?”

Fechei os olhos tão cansados
invoquei as memórias
Reabri os olhos tão fatigados
vi através das lágrimas
o teu olhar molhado
Esqueci as palavras decoradas
suspendi os gestos ensaiados
desviei o meu olhar,
Invoquei a firmeza e disse:
“Já não te amo”

Mas na casa silenciosa
naquele fim de tarde de Inverno
ouvi somente a voz de uma estranha
que conformada e cobarde dizia:
“Eu fico…”

By.: Patrícia Gomes

...

sábado, 17 de abril de 2010

dont ever trust in him

Hoje tenho algo importante para partilhar, algo para pessoas parvas e otárias de bom coração como eu, que tenta ajudar o proximo sempre que pode, os desamparados que não têm mais ninguem para lhes dar a mão, e que ainda por cima é chegado a nós e é quem nós confiamos, esses...meus amigos, tendem a ser os que mais abusam e os primeiros a dar-nos um pontapé e esses são, também, os primeiros de quem nós sentimos nojo.

O ano passado conheci uma pessoa, super normal, porreira, enfim nada a apontar... a verdade é que começámos a namorar, mas passado uns tempos surgiram os primeiros precalces... Este ser jogado no mundo tinha graves problemas, não tinha casa, não tinha dinheiro, e segundo ele não tinha familia que o ajudasse, tinha apenas uma namorada que se preocupava e que queria ajudar por confiar nele. Atão o que fez ela... do pouco que tinha deu-lhe, de mão beijada, deu- lhe tudo, deu-lhe dinheiro, deu-lhe casa, deu- lhe uma familia a qual não tinha obrigações nenhumas em ajudar, e o que recebeu ela...nada... nada daquilo que era dela e da familia, nada daquilo em que confiou...Alias a pessoa em questão encontra-se em fuga, como um criminoso, sim porque é isso que no final ele agora é... Agora vos digo, sao pessoas destas que nos tornam incapazes de ajudar, sao pessoas destas que fazem com que passêmos por alguem na rua que pede esmola e, que em vez de ajudarmos viramos a cara... este tipo de pessoas não deveria sequer poder conversar com outras pessoas, porque não têm consciência, sacrificam os outros para sobreviverem... como será que vivem essas pessoas??? provavelmente andam à procura de outra idiota que os sustentem...Amigos por mais que namorem, por mais que gostem, quando se tratar de dinheiro ou de auto sacrificarem-se não o façam, mas não o façam mesmo, em altura alguma e muito menos com gosto, porque quando menos esperarem levarão a facada nas costas... Eu envolvi pessoas que nunca deveriam ser envolvidas para ajudar outra que sinceramente nem personalidade tem... mas aprendi bastante e acredito que nos iremos encontrar...e eu não vou esquecer!!!!!e ele tambem não!!!!

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Ele, estrela da manha, ...

1º Capítulo - Parte 1 de ...


...acorda, abre os olhos.

Está escuro, o cheiro é pérfido e nauseabundondo como se estivesse no inferno, de repente, um clarão cega-o...

No horizonte, a sua direita levanta-se uma luz que não estava habituado a ver. São seis da manhã, e o pesadelo continua latente na sua cabeça, tão vivo quando dormia.
Ergue-se a meio corpo e olha em seu redor, nada mais vê se não lixo e destruição à sua volta, e o fedor do que o rodeia evade-lhe as narinas como uma violação, fudendo cada sentido, cada sensação, o gosto amargo de ressaca, pele seca, e dor nos ossos, tudo num só movimento.
Desnortiado, confuso, doente, tenta erguer-se... Cambaleia... A força nos braços sede... cai de frente na imundice... de mãos esticadas como uma criança, como um bebé aprende outra vez a levantar-se...

O sol ergue-se, imponente, sem culpa nem remorso, nem se quer um pingo de compaixão, e sem perguntar evade-lhe os olhos desabitudos a olhar e ver. Ele, está de pé, outra vez, mas desta vez Ele decidiu que tudo seria diferente, alias, Ele, não sabia que tinha decidido voltar a se erguer. E mesmo assim depois de estar de fronte voltada ao calor deste sol que nascia tão longe como a sua imaginação, Ele derramou a sua primeira lágrima, quente como o fogo, queimou-o por toda a face à medida que lhe descia cara a baixo, desde o olho de onde nasceu até o encontro salgado contra os lábios d'Ele.

Instintivamente a sua língua voltou a provar esta lágrima de mágua...

Os seus olhos levam o seu tempo a se acostumar aquela nova luz, é demasiado brilhante, cega-o.
Emparando os olhos com uma mão, Ele dá seu primeiro passo, todas as suas forças numa só perna, levanta-a, lentamente do meio do lixo que o rodeia, onde está enterrado até aos joelhos, e volta a mergulhar centímetros a frente, no lixo que o precede. Puxa pela outra perna, presa como num passado duro de partir, impossível de mover levanta-a, para dar mais uma nova passada, e a mergulhar outra vez tão fundo quanto as suas pernas chegam, até aos joelhos...
As forças falta-lhe, nada, nem a morte o demoveria agora de tentar isto, voltar a por um pé à frente do outro e caminhar, mesmo que o esforço fosse tão desumano, tão cruel, que a cada segundo cada eternidade, o seu ser se sentisse dilacerado por a mais cruel das fomes e sedes... Ele, por tudo caminha, desenterrando uma perna da imundice que o envolve, para a enterrar novamente poucos centímetros mais à frente...



- Lúcifer -

(fim da 1ª parte)



...

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Hoje quero-te assim...

Não te quero ver...
Apenas sentir

Percorrer o teu corpo como se fosse a primeira vez...

Hoje não te quero ver...
Quero usar todos os outros sentidos para te descobrir

Quero desenhar às cegas os teus traços...
Sentir o teu cheiro em mim

Enlouquecer sem te ver!

Hoje quero-te assim...

Quero apenas sentir!

sexta-feira, 9 de abril de 2010


Posso escrever os versos mais tristes esta noite.

Escrever, por exemplo: "A noite está estrelada,

e tiritam, azuis, os astros lá ao longe".

O vento da noite gira no céu e canta.


Posso escrever os versos mais tristes esta noite.

Eu amei-o e por vezes ele também me amou.

Em noites como esta tive-o em meus braços.

Beijei-o tantas vezes sob o céu infinito.


Ele amou-me, por vezes eu também o amava.

Como não ter amado os seus grandes olhos fixos.

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.

Pensar que não o tenho. Sentir que já o perdi.


Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ele.

E o verso cai na alma como no pasto o orvalho.

Importa lá que o meu amor não pudesse guardá-lo.

A noite está estrelada e ele não está comigo.


Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe.

A minha alma não se contenta com havê-lo perdido.

Como para chegá-lo a mim o meu olhar procura-o.

O meu coração procura-o, ele não está comigo.


A mesma noite que faz branquejar as mesmas árvores.

Nós dois, os de então, já não somos os mesmos.

Já não o amo, é verdade, mas tanto que o amei.

Esta voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido.


De outra. Será de outra. Como antes dos meus beijos.

A voz, o corpo claro. Os seus olhos infinitos.

Já não o amo, é verdade, mas talvez o ame ainda.

É tão curto o amor, tão longo o esquecimento.


Porque em noites como esta tive-o em meus braços,

a minha alma não se contenta por havê-lo perdido.

Embora seja a última dor que ele me causa,

e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo.


AUTOR: PABLO NERUDA


(lindo demais .. este e outros poemas deste Autor .. vale a pena lê-los :)